
Brinquedos Encantados
Uma ode às celebrações do Maranhão pelas lentes do fotógrafo Albani Ramos ao longo de duas décadas de registros, que revelam a diversidade e o gosto pelo festejar. 2003.
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ALBANI SALVA SÃO BILIBEU
José Sarney
Numa aldeia global, como ficou o mundo, a cultura popular é a única capaz de dar identidade e confirmar aquilo que Herbert Read há meio século afirmava: "Quanto mais regional, mais universal".
No Brasil, isso tem uma dominante evidência. A cultura do carnaval, do sincretismo religioso, do botequim, das praias e do futebol tem uma síntese, que abrange o todo: a alegria. A cultura da alegria, aquilo que Sebastião Moreira Duarte, num excelente texto, chamou de "Província das Festas".
Mas a cultura popular brasileira tem matizes, regiões e esconderijos onde ela se mostra de várias maneiras. Às vezes se esconde em pequenas cidades, vilarejos e grupos, ora em fósseis antropológicos difíceis de encontrar, memória dos que aqui passaram: índios, negros, brancos, cafuzos e mulatos, nas pegadas da história e do tempo. Duas vertentes são riquíssimas: a portuguesa e africana.
O Maranhão é um dos repositórios desses tesouros de cultura popular. Elas se manifestam com características próprias, e se estendem na culinária, na música, na dança e nas artes.
Este livro é documentário dessa extraordinária diversidade cultural. Albani Ramos, repórter fotográfico de grande talento, fez mineração nessa cultura popular do Maranhão.
Viajou e caminhou com olhos da inteligência e da sensibilidade, e acertou como descobrir e eternizar
"festas", tendo o exemplo do Pato Pelado e São Bilibeu, já perdidos da memória e se afogando no esquecimento. E não só as festas na sua riqueza em si, mas a beleza de cores e de figuras humanas, fixando o lado essencial.
As fotos são belíssimas e falam. Dizem tudo. Ele conseguiu captar a inocência, o colorido, a tristeza e a alegria, com sua máquina e o seu talento. Uma sem o outro é coisa morta. A arte da fotografia, como todas as artes, se não é capaz de fixar a vida, de nada vale.
E a vida das tradições, a beleza de folguedos que precisam ser preservados, que Albani Ramos ressuscita e documenta para a eternidade.

